quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fotos retratando a História

Exposições de fotos antigas retratam história de Aracati

Jornal "o sol" está na exposição fotográfica realizada pelo Museu Jaguaribano, em Aracati. O periódico resgata os aspectos históricos da época por intermédio de notícias antigas
Aracati A fotografia é, mais que um recorte do tempo, uma representação da história. No século XX, fotógrafos responsáveis pela reprodução oficial de imagens de eventos da sociedade foram, também, reprodutores da memória do Aracati Antigo. Na viagem iconográfica pelo tempo, um século de imagens.

Os fatos, um dia enquadrados nas câmeras de exímios retratistas, estão expostos no Museu Jaguaribano de Aracati até o final do mês. Também acontece exposição de jornais antigos produzidos na cidade, que já foi o local mais importante no Ceará na época do período colonial.

No ano de 1940, enquanto o mundo iniciava um processo de tensão, pela aproximação do que se reconheceu na Segunda Guerra Mundial, a União Operária Santa Tereza, formada por empregados da fábrica de tecidos Santa Tereza, em Aracati, conduzia seu estandarte pelas ruas da cidade e parava na frente do sobrado do Coronel Alexandre Matos Costa Lima, o "Coronel Alexanzito", que hoje dá o nome oficial ao que se popularizou Rua Grande, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan), em 2000.

O momento era sonorizado pela Banda de Música Euterpe Operária, regida pelo maestro João Gomes que, por vários anos, ensinou jovens e adultos aracatienses a lerem partituras musicais e tocarem afinadamente os instrumentos.

O salão de eventos do Museu Jaguaribano abriga três exposições distintas: a XXVI Exposição de Fotografias de Aracati Antigo (com destaque para o patrimônio arquitetônico), a XXV Exposição de Jornais Antigos de Aracati e outras e regiões, e a XXII Exposição de Livros raros, papéis e documentos antigos. A curadoria do salão é de José Correia, com assessoria do artista plástico Hélio Santos.

Fotografia



Na Exposição Fotográfica do Aracati Antigo, a distância entre um momento e outro da história é medida em apenas um passo de qualquer atento curioso do tempo, acompanhando com os olhos os painéis em que estão distribuídas 56 fotos de pelo menos nove décadas do século que passou.

Nos olhares entre o ontem e o hoje, as mudanças na arquitetura local, e as diversas funcionalidades de cada estrutura predial, muitas delas divididas em mais pavimentos, originando casas, pontos comerciais ou instituições públicas.

Uma das fotografias mais antigas data de 1901, do prédio em que funcionava a União Industrial Têxtil do Ceará, fundada em 1893. Atualmente, está dividida em diversos pavimentos com distintas finalidades.

Há 26 anos o Museu Jaguaribano realiza a exposição fotográfica. Em cada ano, a possibilidade de incrementar o arquivo iconográfico, mediante a cortesia de memorialistas e familiares de retratistas que, durante anos, faziam um recorte dos principais eventos sociais - sejam as marchas cívicas, casamentos, orações nas residências, visitas de pessoas ilustres ou mesmo um retrato da vida cotidiana, protagonizada pelas pessoas simples, sem títulos de nobreza mas com várias histórias para contar.

E ainda que não tenham podido tocar, os garotos aparentando 12 ou 13 anos, têm o que dizer, apenas porque brincavam livremente pelo Jardim Dr. Leite, reformado em 1932 na gestão do prefeito Perilo Teixeira, retirando-se as grades que "protegiam" o local, ou melhor, indiretamente representavam uma cerca social.

Produção

A maior parte das fotografias em exposição foi produzida pelo fotógrafo Abílio Monteiro, um dos mais conhecidos do Interior do Ceará, na época.

Por mais de meio século, registrou os momentos sociais da cidade de Aracati, dinâmica comercialmente com o seu porto, por onde entravam e saiam os insumos consumidos em todo o Estado, representado pelo período das charqueadas.

A exposição acontece sempre no mês de julho, e pode ser conferida por turistas e pelos cidadãos jaguaribanos afins de regressão histórica. E para melhorar a qualidade do material exposto, todo ele está em cuidadoso processo de digitalização e reprodução, pelo fotógrafo Gentil Barreira, material a ser conferido nos próximos anos.

PATRIMÔNIO
Local preserva acervo cearense
Prédio tombado serve para exposição de fotografias e jornais. História começa na preservação
Aracati O prédio que guarda a história é, ele próprio, um símbolo vivo de mais de um século de memória de uma das cidades mais importantes do Ceará. O sobrado onde se instalou o Museu Jaguaribano é uma das mais importantes construções da Rua Cel. Alexanzito, antiga Rua do Comércio, mas, ainda hoje, chamada de Rua Grande. A casa tem mais de 200 anos.

Para o professor José Liberal de Castro, em publicação da UFC de 1977, seria "talvez a de mais imponente implantação urbana do Ceará". O local foi residência, colégio, clube e hotel até ser museu, em 15 de novembro de 1968, há 41 anos. O tombamento pelo Iphan deu-se em 2000. A reforma, com restauração das pinturas mais antigas das paredes internas do prédio, foi concluída no ano passado.

Foi o prédio do Museu Jaguaribano, antes de tudo, a casa do José Pereira da Graça, conhecido como Barão de Aracati (1812-1889), um aristocrata que foi juiz, desembargador, deputado três vezes pela província do Ceará, ministro do Supremo Tribunal de Justiça e vice-governador da província do Maranhão. O prédio conta com quatro pavimentos.

Sua fachada principal é composta por azulejos portugueses estampilhados e as paredes de seus salões decoradas com pinturas artísticas. A alvenaria original foi recuperada e mantida, revelando o requinte artesanal de peças como a escada-caracol logo no primeiro pavimento.

Dentro do projeto de restauração do museu, e seguindo a temática de cada andar, o primeiro piso tem instrumentos referenciais dos ciclos econômicos, com máquina de tear e o carro de boi; no segundo piso ficam os móveis da Era Colonial; o terceiro piso abriga obras sacras, como imagens de santos, telas de pintura; e o quarto piso serve de ateliê, espaço para oficinas de artes variadas.

O dinamismo não era somente econômico na Aracati dos séculos XIX e XX. O meio cultural era efervescente, como revelam os jornais da época, que se difundiam como uma voz poderosa.

O Museu Jaguaribano ainda abriga a XXV Exposição de Jornais Antigos de Aracati e outras e regiões. Em tempo: Aracati possuiu um dos primeiros jornais do Interior, o Clarim da Liberdade, fundado em 1831.

Na edição 23, do jornal Tribuna do Povo, de 5 de novembro de 1870, redigido por Júlio César da Fonseca Filho, tendo Francisco Soares Monteiro como editor, clamava em sua primeira página: "arroje os canhões da imprensa suas lavas de luz contra as instituições oligárquicas plantadas no solo virgem de Colombo! Seja cada jornal uma cidadella, cada typo um projectil; E que retombando no largo espaço americano os echos de suas espantosas detonações, dilate-se até proporções horríveis e desperte os seus dilectos filhos que jazem sob a loucura de um sonho algido e pesado".

 


 

Praça Dr. Leite

 Jardim Dr. Leite


 

Igreja do Rosário dos Pretos

Igreja do Rosário dos Pretos, construída por escravos. Na enchente de 1974 a igreja sofreu grandes danos em razão de ali terem sido abrigadas inúmeras familias vítimas dos alagamentos. Voltou a funcionar em 1982, totalmente recuperada.  



O crescimento de Aracati foi exteriorizado na sua arquitetura e no destaque social de seus habitantes. Era o pulmão da economia cearense e chegou a ser cogitada para sediar a administração da capitania. O progresso de Aracati e os interesses das autoridades portuguesas – conferir poder aos homens mais ricos do lugar, viabilizando através deles o controle sobre a população, o comércio e a captação de tributos, elevaram o povoado à categoria de vila em 10 de fevereiro de 1748, com a denominação de Vila Santa Cruz de
Aracati.







Igreja do Bonfim

A Igreja do Bonfim foi edificada em 1772. As duas torres foram construídas em 1854. Anexo à igreja, existe um cemitério localizado atrás do corpo da nave.








Antigos casarões

Aracati desenvolve-se bastante neste período, tornando-se já na metade do século XVIII o principal núcleo urbano do Ceará. Esse crescimento não se deu apenas em virtude do charque, mas também por causa da função de entreposto comercial que a localidade desempenhava como porta de entrada de produtos vindos de Pernambuco e de Portugal,  bem como ponto de exportação dos gêneros produzidos no vale do Jaguaribe. 


 Biblioteca Pública

 e outros casarões muito bem conservados

  



A História de Aracati

Aracati é um município histórico do Estado do Ceará localizado na região de Jaguaribe, fazendo fronteira com o Estado do Rio Grande do Norte. É um dos municípios mais importantes do Estado graças ao seu rico patrimônio arquitetônico, declarado no ano de 2000 Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Um dos seus monumentos mais importantes é a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Como principal atrativo turístico destaca-se seu extenso litoral repleto de belas praias consideradas das melhores de todo o Estado. Como uma das mais importantes destacamos a paradisíaca praia de Canoa Quebrada, situada na famosa Vila de Canoa Quebrada, conhecida por sua boa infra-estrutura hoteleira e de lazer e sua animada vida noturna com um grande número de bares e restaurantes.


HISTORIA ARACATI


As origens da conquista destas terras por parte dos portugueses remonta-se ao século XVII, no início deste século construiu-se ao seu redor O Forte de São Lourenço, iniciando-se assim sua colonização. Antigamente toda a zona era habitada por tribos indígenas.

A meados do século XVII, no ano 1650, o conhecido navegante português Francisco Ayres da Cunha, encalhou na Costa do município, batizando o lugar como Canoa Quebrada e dando origem a um dos principais atrativos turísticos, a Vila de Canoa Quebrada.

No século XVIII a população de Aracati era conhecida como São José do Porto dos Barcos, e seu porto era o principal ponto de entrada dos colonos e das grandes embarcações utilizadas para o transporte e exportação de seus produtos.

Devido a importância de seu porto em poucos anos converteu-se no centro comercial mais importante da Capitania. No ano de 1748 foi elevada à categoria de Vila e era conhecida como Vila de Santa Cruz do Porto dos Barcos do Jaguaribe. Foi em esta época quando construíram alguns de seus monumentos mais importantes, declarados no ano de 2000 Patrimônio Histórico Artístico Nacional

O século XVIII foi um momento de grande esplendor para a população e a Vila era mais conhecida que a sua capital, Fortaleza, até a construção do Porto de Fortaleza, que desviou grande parte do comércio iniciando-se um pequeno período de crise. No ano de 1842, uma vez superada a crise, foi elevada a categoria de cidade, mas nunca recuperou sua antiga importância.

Atualmente Aracati é um dos destinos turísticos mais importantes de todo o Estado do Ceará, famoso em todo o mundo por contar com uma das praias mais belas do Brasil, a praia de Canoa Quebrada, considerada um verdadeiro paraíso natural. Localiza-se na famosa Vila de Canoa Quebrada, e está rodeada de falésias e extensas dunas de areia avermelhada. É o principal símbolo do município e atrai todos os anos um grande número de turistas.

PASSEIO TURISTICO ARACATI


Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário é o monumento mais importante do município de Aracati e um dos templos mais ricos de toda a região. Sua construção iniciou-se no século XVIII, sobre os restos da antiga capela, e não se finalizou até a segunda metade do século XIX. No ano de 2000 foi declarada Patrimônio Histórico Artístico Nacional.


Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres foi mandada construir a meados do século XIX pela Irmandade de Nossa Senhora dos Prazeres dos Homens Pardos Livres.


Igreja Nosso Senhor do Bonfim A Igreja Nosso Senhor do Bonfim foi inaugurada no ano de 1774 e em seu interior guarda-se os restos do famoso escritor Adolfo Caminha e alguns de seus descendentes.


Capela dos Navegantes - Nicho dos Navegantes A Capela dos Navegantes, conhecida popularmente como Nicho dos Navegantes, localiza-se próximo a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Foi a primeira capela a ser construída no município de Aracati.


Museu Jaguaribano O Museu Jaguaribano encontra-se instalado no interior de um edifício do século XIX propriedade do Barão de Aracati, na rua Coronel Alexandrino, centro da cidade. Guarda em seu interior interessantes coleções de objetos históricos e religiosos, além de numerosos documentos, jornais antigos e fotografias. Foi inaugurado no ano de 1968.


Mercado Central O Mercado Central de Aracati foi declarado no ano de 2000 Patrimônio Histórico Artístico Nacional


Casa da Câmara e Cadeia A Casa da Câmara e Cadeia é um dos edifícios mais antigos do Estado do Ceará. Foi construído no século XVIII e foi declarado Patrimônio Histórico Artístico Nacional no ano de 2000.


Monumento a D. Luiz O Monumento a D. Luis localiza-se na Rua Conselheiro Liberato


Cruz das Almas A Cruz das Almas é um monumento construído em homenagem aos escravos. Localiza-se na entrada sul da cidade.


Rio Jaguaribe O Rio Jaguaribe nasce na Serra da Joaninha, no centro do Estado de Aracati, e desemboca na Praia do Cumbe. É considerado um dos rios mais secos do país, nas épocas da seca surgem na sua desembocadura ilhas e praias fluviais que com a chegada das chuvas transformam-se de novo em uma bela bacia hidrográfica.


Ponte Juscelino Kubistschek A Ponte Juscelino Kubistchek é o portal de entrada da cidade de Aracati. Tem uma extensão de 450 metros e é utilizada para salvar o Rio Jaguaribe.


Vila de Canoa Quebrada A Vila de Canoa Quebrada é um dos pontos turísticos mais importantes de todo o município de Aracati, famosa por sua excelente infra-estrutura hoteleira, de lazer e serviços, e lugar onde localiza-se uma das praias mais importantes, a Praia de Canoa Quebrada. É conhecida por seus numerosos bares, restaurantes e lugares de animado ambiente noturno, e um dos seus principais pontos de encontro é a Rua principal, apelidada popularmente como 'Broadway'.


Povoado dos Esteves O Povoado de Esteves é um povoado primitivo, anterior a Vila de Canoa Quebrada. Está localizado próximo a Praia de Canoa Quebrada.


Porto Canoa Porto Canoa é a primeira cidade turística do Brasil. Localiza-se no interior da Área de Preservação Ambiental da Praia de Canoa Quebrada e destaca-se por sua excelente infra-estrutura hoteleira e de lazer.


Ponta Grossa Ponta Grossa é o ponto final de uma das típicas atrações turísticas do município, as rotas em buggies pelas dunas e alcantilados que se distribui por toda sua costa. É um lugar fascinante e desde suas proximidades divisa-se a Vila de Canoa Quebrada e umas espetaculares vistas do Oceano Atlântico.

PRAIAS ARACATI


Playas No litoral de Aracati estão localizadas algumas das praias mais belas de todo o município. Caracterizam-se por suas areias finas e brancas, águas cristalinas de cor azul intenso e a grande maioria protegidas por famosas formações de falésias, pequenos alcantilados que caracterizam-se pela cor avermelhada de suas terras. Uma das mais conhecidas e símbolo natural do município é a praia de Canoa Quebrada, famosa em todo o mundo pela beleza de suas dunas avermelhadas, desde onde observam-se uns fantásticos pôr do sol.


Praia do Cumbe


Praia de Canoa Quebrada


Praia dos Esteves


Praia de Porto Canoa


Praia de Majorlândia


Praia da Quixaba


Praia da Tapera


Praia da Lagoa do Mato


Praia da Fontainha


Praia do Retirinho





Cruz das Almas

Segundo a tradição o monumento está edificado no local onde foram enforcados os primeiros escravos condenados a morte. Os registros históricos não mencionam a data de sua construção, sabendo-se apenas que é muito antigo.

Igreja de Nossa senhora dos Prazeres

A Igreja de Nossa senhora dos Prazeres foi edificada pela Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pardos Livres. Seus estatutos foram confirmados pelo Imperador Dom Pedro II, em 17 de fevereiro de 1854. Sua última grande reforma aconteceu no período de 1930 a 1938, por iniciativa de Antônio Felismino Filho e Epifânio Giló... 



também retratada por José dos Reis Carvalho em 1859

Os sertões cearenses foram conquistados em função do avanço da pecuária, a partir da segunda metade do século XVII e início do século seguinte. 
O desbravamento do sertão nordestino pelos colonos pecuaristas teria acontecido a partir de duas rotas: a do Sertão de Fora, dominada por pernambucanos, e a do Sertão de Dentro, controlada por baianos, que vinham pelo interior nordestino abrangendo a região que vai do médio São Francisco ao Rio Parnaíba, ocupando o sul da capitania cearense. 
Um dos fenômenos ligado ao avanço da pecuária no Ceará foi a formação de povoados e vilas. 

Um carro de boi para transporte de água para em frente ao Monumento Cruz das Almas (acervo IBGE - data não especificada)



São José do Porto dos Barcos

Aracati teve início com o funcionamento das oficinas do Ceará, que foram responsáveis por possibilitar a competividade da pecuária no Estado.
A grande causa do desenvolvimento do Ceará foi a possibilidade de abate e conservação da carne, através do charque (é preparado de modo parecido ao da carne seca, a diferença está na maior quantidade de sal).
Em 1740, o pequeno arraial de São José dos Barcos foi elevado à categoria de Vila com o nome de Santa Cruz do Aracati. Nesta época já existiam oficiais em Aracati.
De pouca em pouco o povoado São José do Porto dos Barcos foi crescendo. Ergueram-se uma capela em 1714.
Em 10 de fevereiro de 1748, foi inaugurada a Vila e também no mesmo ano foi erguido um pelourinho e empossada a Câmara.
Aracati foi considerada a vila mais populosa, chegando a ser mais bonita que a capital.
Em 1829, foi apresentada na Assembléia Geral do Ceará uma proposta que queria transferir a sede do governo da capitania para a Vila de Aracati, mas foi rejeitada.
Em 1842, a Vila foi elevada a condição de cidade.


Santa Cruz do Aracati - Porto dos Barcos


Rua de Aracati em data não especificada (acervo IBGE)
 
No início do século XVII, o capitão-mor Pero Coelho de Souza partiu da Paraíba para desalojar os franceses, estabelecidos no Maranhão. A expedição dividiu-se em dois grupos: enquanto um seguia diretamente para o rio Jaguaribe, o outro, sob a chefia do capitão-mor, atingia o mesmo ponto, por terra. 
Os indígenas da região, no entanto, estavam em hostilidades, o que obrigou o chefe da expedição a demorar-se ali, com o objetivo de pacificar o território; 
para isso, mandou  erguer um fortim, a que deu o nome de São Lourenço, por ser este o santo do dia - 10 de agosto de 1603. Tratando-se de local seguro para as embarcações, esse ponto veio a ser chamado São José do Porto dos Barcos sucessivamente, Cruz das Almas e Santa Cruz do Aracati.
 
Mais tarde, com a expulsão dos holandeses do Recife, colonos portugueses, pernambucanos e paraibanos instalaram-se na várzea do rio Jaguaribe. Com esse afluxo de imigrantes, começou a desenvolver-se o lugarejo, constituindo-se, de pronto, em centro de interesse comercial.  




Praça José de Alencar - 1911

Apesar do progresso já alcançado pela cidade, a população preservava muitos hábitos que remetiam a costumes próprios da pequena vila. É o que lembra Raimundo Girão:

 Antiga Praça Marquês de Herval em 1911, hoje Praça José de Alencar. No começo do século havia imensos jardins e, no centro da praça, um grande coreto. Ao fundo vemos a Igreja do Patrocínio

“Às tardes frescas no lado da sombra, ou às primeiras horas da noite, as célebres rodas de calçada, genuinamente nordestinas, para animadas palestras ou partidas de gamão, sadias, cordiais, enchiam os passeios ou calçadas com um sem número de cadeiras. Mas, de ordinário, não resistiam ao toque de corneta das nove horas, vindo do quartel da polícia, na Praça do Patrocínio (Praça José de Alencar), como aviso convencional para o recolhimento ao leito ou à voa rede e, segundo a pilhéria, para a sida triunfal dos percevejos”. 

No âmbito político, o Ceará continuava sob comando do velho oligarca Antônio Pinto Nogueira Acióli. Segundo Sebastião Rogério Ponte, "durante todo o período de vigência da oligarquia aciolina (1896-1912), a intendência da capital ficou a cargo do coronel Guilherme Rocha, considerado pela historiografia cearense um dos administradores municipais que mais fizeram pelo embelezamento e melhoramento da cidade: 'o aformoseamento fortalezense havia encontrado no intendente Guilherme César da Rocha o mentor persistente durante 20 anos (...). Homem de fino trato integrado na vida social elegante, procurava transformar velhos hábitos por via da modificação física do ambiente urbano". 





Praça do Ferreira em 1914

A iluminação pública fora ampliada para outras ruas da cidade, mas continuava a mesma da época de sua inauguração, isto é, a gás carbônico. Mas nas residências, já em 1913, o gás começava a ser substituído por eletricidade que, posteriormente, também era adotada no sistema de iluminação pública.

Movimento numa das esquinas da Praça do Ferreira em 1914

A Praça do Ferreira se consolida como principal polo econômico, cultural e político no centro de Fortaleza. Era o denominado “coração da cidade”. Na definição do professor José Borzacchiello da Silva, “o Centro não só espelhava Fortaleza em sua Magnitude, ele era a cidade, depositário único de perfis e imagens que construíram e reforçaram a ideia de centralidade”.

Movimento na esquina das ruas Guilherme Rocha com Major Facundo, na Praça do Ferreira em 1912, onde vemos em destaque o Café do Comércio


“Polo funcional da cidade, suas principais atividades pautavam-se na administração pública, nas atividades políticas e financeiras e de entretenimento. Com um movimento extraordinário, o Centro expressava sua capacidade de excepcional praça comercial, gerador e prestador de serviços de lazer e animação. Cinemas, templos, palácios e praças sempre apinhadas de gente como a do Ferreira com seus famosos cafés”. 
 

Praça Caio Prado

Fortaleza continuou a desenvolver-se econômica e politicamente, ao contrário do resto do estado. Ocorre nas primeiras décadas do século XX um afluxo de imigrantes, embora pequeno em relação ao de outras regiões, consistindo principalmente de portugueses e sírio-libaneses. Os descendentes destes, em particular, ganharam grande destaque no comércio, como mascates, e, futuramente, na política cearenses.

Em 1913, por iniciativa da Associação dos Jornalistas Cearenses, foi inaugurada na praça Caio Prado (Praça da Sé) uma estátua de D. Pedro II. O monumento, fundido em bronze em Paris, por H. Gonot, foi uma criação do artista Auguste Maillard. A Praça é provavelmente a mais antiga da cidade e está localizada em frente à Catedral Motropolitana, entre as ruas Castro e Silva e Doutor João Moreira.

 Antiga Praça do Conselho, passou a chamar-se Praça do Largo da Matriz em 1854. Em 1861, o novo nome seria Praça da Sé. A denominação durou por todo o Império. Em 1889 o nome passou a ser Praça Caio Prado. (Foto de 1915)

O sistema de transporte urbano – o bonde elétrico – foi posto em uso em 11 de dezembro de 1913, sendo que os velhos bondes, de tração animal, continuariam a frequentar a paisagem da cidade durante mais alguns anos. Os primeiros automóveis circularam na cidade em 1910 e a Praça do Ferreira era ponto de estacionamento de bondes e de carros de aluguel, concentrando intenso movimento. É a época da fundação do Centro Médico (1913), e da Faculdade de Farmácia e Odontologia (1916). É também nesse período que surge a Escola de Agronomia (1918) e o Colégio Militar do Ceará (1919).

Na observação de Sebastião Rogério Ponte, “a multiplicação de bondes (eletrificados em 1913) e de automóveis (a partir de 1910) requereu maior extensão do serviço de calçamento, redimensionamento de praças e novo comportamento no trânsito de pedestres. Como em outras cidades brasileiras, exigia-se que os passageiros estivessem vestidos com decência: paletó, gravata e sapatos. Segundo depoimentos de pessoas que viveram na cidade a partir do século XX, grande parte da população, excetuando os muito pobres, usava cotidianamente paletó (alguns de camisa inglesa ou linho e muitos de tecidos mais rústicos), o que é verificável através das fotografias da época”. 

Praça do Ferreira em 1920

A Praça

A Praça do Ferreira é a mais conhecida e frequentada da cidade, sendo considerada por muitos como o coração de Fortaleza. A praça também foi palco de importantes episódios da história da cidade. Por mais de um século, seus bares, cinemas, os antigos cafés ou seus bancos foram ponto de encontro do povo cearense. Por ela passaram os mais ilustres personagens da história de Fortaleza, como Quintino Cunha, o próprio Boticário Ferreira, os membros da Padaria Espiritual, entre muitos outros.

Praça do Ferreira em 1920, onde podemos ver, ao fundo, o prédio do Cine Majestic 

A Praça do Ferreira é rodeada ainda hoje, por várias construções que marcaram época em Fortaleza, como o Palacete Ceará, a Farmácia Oswaldo Cruz, a lanchonete Leão do Sul, o Cine São Luiz, o Edifício Sudamérica, e os hotéis Savanah e Excelsior Hotel (primeiro grande hotel de Fortaleza, construído onde ficava o famoso Café Riche).

Até meados do século XIX, a Praça do Ferreira era só um areial. Um areial com um cacimbão no centro, algumas mongubeiras, pés de castanhola. Nos cantos do terreno, marcos de pedra para amarrar jumentos dos cargueiros ambulantes que vinham do interior. Nesse tempo, o areial era chamado de "Feira Nova" por abrigar uma feira movimentada. 

Lado noroeste da Praça, onde vemos a esquina da Rua Guilherme Rocha com Major Facundo. O sobrado de cor amarelado situado na esquina, foi a primeira construção de três pavimentos de Fortaleza, ficando onde hoje se encontra o Excelsior Hotel. (Foto de 1925)  

Em 1842, a Praça, então denominada de Dom Pedro II, foi construída por Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira), então presidente da Câmara. Ele instalou uma botica na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo. Sua botica, conhecida "Botica do Ferreira", ficou bastante conhecida, chegando a ser ponto de referencia e ponto de encontro na praça. O Ferreira e sua botica tornaram-se tão célebres, que por volta de 1871, a praça passou a ser chamada de "Praça do Ferreira".

Em 1886, quando a praça ainda era um areial com um cacimbão no meio, foi construído o primeiro café-quiosque da praça: Café Java. Depois chegara os outros três: Iracema, Café do Comércio e Café Elegante - um em cada canto da Praça. Um quinto quiosque servia de posto de fiscalização da companhia de luz.

No centro do passeio foi colocado um catavento sobre a cacimba gradeada, com uma imensa caixa d’água pintada de roxo. O centro onde ficava o jardim era cercado por grades de ferro. Havia 4 fileiras de bancos de taliscas verdes. 

 Praça do Ferreira em registro de 1930, com visão para o Palacete Ceará, que resiste até os dias de hoje 

Em 1902, o intendente Guilherme Rocha mandou fechar o cacimbão e em seu lugar, fez um jardim, o "Jardim 7 de Setembro". Em 1920 o prefeito Godofredo Maciel ladrilhou o areial, demoliu os quatro cafés, e derrubou o famoso "Cajueiro da Potoca" - onde se fazia anualmente a eleição do maior mentiroso de Fortaleza. O mesmo Godofredo Maciel, em 1925 construiu um coreto no centro da praça.


 


Os intensos anos 20

A Fortaleza dos anos 20 progredia a passos largos. De acordo com censo de 1920, sua população é de 78.000 habitantes. As ruas ainda eram iluminadas com gás carbônico, mas as casas já tinham energia elétrica. Desde 1913, o transporte na cidade era feito por bondes elétricos, que substituíram os bondes puxados a burros. O serviço era administrado por uma empresa canadense. Em 1926 começou a ser instalada a água encanada.

Foto dos anos 20, na qual o observador, situado num canto da Praça do Ferreira, está olhando para a Rua Guilherme Rocha no sentido da Praça José de Alencar  


As indústrias floresciam. Fábrica de tecidos progresso, Fábrica Siqueira Gurgel de óleo e sabão, cigarros, calçados, curtumes, bebidas. Mas a cidade já demandava um porto de maior envergadura para carga e descarga de mercadorias.

No comentário de Raimundo Girão, “as obras federais, contratadas com o objetivo de resolver o problema das secas, em 1920, atraíram para Fortaleza um clima de novidades, de feição algo pinturesca. Viu-se, duma hora para outra, a gente prata-de-casa em mistura com dolicocéfalos louros e pretos barbadianos, americanos, ingleses que, arrotando fama de técnicos, vinham fracassar nos serviços de construção do porto do Mucuripe”. 

O comércio se desenvolvia bem mais que a indústria. Só o algodão, durante a safra, movimentava uma imensidão de comboieiros, freteiros, lojistas e donos de mercadorias que fervilhavam pelas ruas da cidade. As trocas comerciais eram sempre feitas com as cidades do interior. Além de Aracati, Icó e Sobral, agora se destacavam as cidades de Baturité, Quixadá e Juazeiro do Norte. Os caixeiros (como eram chamados os funcionários do comércio da época) tinham uma organização sólida e poderosa chamada Fênix Caixeiral.  

 Cruzamento das ruas Barão do Rio Branco e Guilherme Rocha, com a Praça do Ferreira e o Palacete Ceará ao fundo. (Registro de 1925 clolorizado à mão) 

Os governantes e a elite local continuavam com a mesma mentalidade artificialmente afrancesada. Começava que muitas casas comerciais eram administradas por estrangeiros franceses como a famosa casa Boris Frères, filial da casa francesa de mesmo nome. Tinha também Benoit Levy & Dreyfuss, Levy Fréres, Reishofer Frère, Clement Levy e Felix Liabastres, todas eram casas de comércio de propriedade de franceses. Até as reformas na cidade e os prédios públicos ainda inspiravam-se nos franceses. O Mercado de Ferro, tido como o mais belo e confortável da América do sul, foi projetado e construído na França.

A Praça do Ferreira estava sendo reformada, ganharia uma nova iluminação à luz elétrica. A Praça Marquês do Herval (atual José de Alencar), toda ajardinada e enfeitada com colunas de mármore vindas de Portugal, mas ao gosto francês, era passeio obrigatório para grande número de famílias e as suas crianças. 

 Rua Major Facundo em 1928, com ângulo de visão na direção do Passeio Público 

É nesse período que Fortaleza começa a se expandir rumo ao leste, para a Aldeota e para o Meireles. Na Aldeota começam a surgir residências grandes, modernas e em lotes maiores que abrigavam as famílias mais abastadas. No início, a Aldeota acompanhava a Avenida Santos Dumont e estendia-se até onde hoje fica a Avenida Barão de Studart - ponto onde final da linha do bonde. No Meireles é que seriam erguidas mais tarde as sedes dos clubes sociais da alta sociedade, como o Náutico, o Clube Ideal, Clube dos Diários, entre outros.

Agora, disponibilizamos um vídeo realmente raro, retratando cenas da Fortaleza dos anos 20. É possível que a fita original fosse bem mais longa e apresentasse várias outras cenas urbanas de época. Além disso, na tentativa de recuperar o material já bastante danificado, o filme teve ainda vários metros perdidos definitivamente, durante o processo de cópia na velocidade adequada para receber gravação sonora. É obvio que a qualidade deixa muito a desejar, mas vale a pena conferir. 



Santa Casa de Misericódia

Santa Casa de Misericódia e vista parcial do Passeio Público em 1932

O hospital foi inaugurado em 1861, a princípio com 80 leitos, tinha como mantenedora a Irmandade Beneficente da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza. O Dr. Joaquim Antônio Ribeiro foi o primeiro médico nomeado para trabalhar na Santa Casa, em 12 de março de 1861. Formado em medicina pela Universidade de Harvard em 1853.
No começo do século XX a Santa Casa de Fortaleza enfrentou a grande calamidade pública que foi a seca de 1915 que passou a atender uma grande massa de retirantes sofrendo das mazelas da seca. Dez anos depois da grande seca, a Santa Casa passou a se firmar como um hospital de alta tecnologia ao ser o primeiro no estado a introduzir o serviço de radiologia ao inaugurar no dia 29 de junho de 1925 aparelho de Raios X.
Em 1961, a Santa Casa de Fortaleza completou 100 anos e contava então com 300 leitos tornando-se então um hospital de grande porte. Na década de 1970 passou por modificações em seus estatutos quando foi desligado da Arquidiocese de Fortaleza. Em março de 1971 foi inaugurado um centro cirúrgico que em pouco tempo fez com que fosse o hospital a realizar o maior número de cirurgias em todo o Ceará.
Nos anos 80 a Santa Casa passou a integrar um modelo de atendimento médico baseado no Sistema Único de Saúde – SUS e vivenciar a séria crise que a saúde pública vem sofrendo no Brasil desde então.

 

Theatro José de Alencar

Theatro José de Alencar em registro de 1931

O Teatro José de Alencar[1] é um teatro brasileiro, localizado na cidade de Fortaleza, no Ceará.
Foi inaugurado oficialmente em 17 de junho de 1910 e apresenta arquitetura eclética, sala de espetáculo em estilo art noveau, auditório de 120 lugares, foyer, espaço cênico a céu aberto e o prédio anexo, com dois mil metros quadrados, que sedia o Centro de Artes Cênicas (CENA); o Teatro Morro do Ouro, com capacidade para 90 pessoas; a praça Mestre Pedro Boca Rica, com palco ao ar livre e capacidade para 600 pessoas; a Biblioteca Carlos Câmara; a Galeria Ramos Cotôco; quatro salas de estudos e ensaios; oficinas de cenotécnica, de figurino e de iluminação; o Colégio de Dança do Ceará e o Colégio de Direção Teatral, do Instituto Dragão do Mar; a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho; e o Curso Princípios Básicos de Teatro.
A pedra fundamental do teatro foi lançada em 1896, no centro da praça Marquês do Herval, hoje praça José de Alencar, mas o projeto original não foi concretizado. Em 1904 é que foi oficialmente autorizada a construção do Teatro José de Alencar, através da lei 768, de 20 de agosto. Em 6 de junho de 1908 as obras oficialmente tiveram início, e as peças de ferro fundido que compõem a estrutura do teatro foram importadas de Glasgow, na Escócia.
No início do século, ao fazer o projeto arquitetônico do Teatro José de Alencar, o capitão Bernardo José de Mello imaginou um teatro-jardim. Mas, o jardim mesmo, só foi construído anos depois da festa de inauguração, na reforma que durou de 1974 a abril de 1975. O jardim ocupa todo o espaço vizinho ao teatro, pelo lado leste.
O novo prédio, conhecido como anexo, foi incorporado ao Teatro José de Alencar na reforma realizada de 1989 a 1990.
 

Banco Frota & Gentil

O governador do Ceará, Marcos Peixoto, informado de que os tenentes tinham tomado os governos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais se preparava para o combate. Mandou montar guarda nas principais estradas de Fortaleza. Triplicou o policiamento no Palácio da Luz (a sede do governo). Instalou várias metralhadoras na Praça General Tibúrcio. Mandou fechar o tráfego na Rua do Rosário e também na Rua Sena Madureira.

Rua Floriano Peixoto na esquina com Rua São Paulo, com ângulo de visão na direação da Praça do Ferreira. (Foto de 1935)

O ritmo de introdução das novas tecnologias em todas as atividades de Fortaleza mudou a paisagem da cidade em poucos anos, o que impressionava cada vez mais a população. A edificação do Excelsior Hotel (primeiro arranha-céu da cidade) em 1931, a primeira transmissão radiofônica em 1934, instalação da iluminação pública elétrica entre 1934 e 1935, inauguração da rede de telefonia automática em 1938.

Outros equipamentos também foram construídos: em 1930 a Estrada de concreto Fortaleza-Parangaba, atual Av. João Pessoa, construída pelo IFOCS (hoje DNOCS); o aeroporto para hidroaviões, na Barra do Ceará; e a empresa construtora “Edificadora do Norte”. Depois vieram o Campo de Aviação, no Alto da Balança, em 1931; o Mercado Central em 1932; e o ramal ferroviário Fortaleza-Mucuripe em 1933. Já a Praça dos Voluntários (Centro) data de 1938.

Banco Frota & Gentil, na esquina das ruas Floriano Peixoto e Senador Alencar

As primeiras instituições bancárias, criadas por grandes comerciantes e proprietários de terra, também surgem nesse período. Três dos primeiros cinco bancos estão assim associados ao comércio, e indiretamente à agricultura: o Banco Frota Gentil, pertencente a antigos donos de imóveis urbanos em Fortaleza; o Banco União S/A, de quatro proprietários, sendo um deles dono de terra urbana; e o Banco dos Importadores, também de proprietário de terras.

 
 

demolição da antiga Igreja da Sé

A distinção Leste-Oeste

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A década de 30 corresponde ao início de uma fase dinamizadora da economia, calcada na industrialização do País. Esse período é marcado pelo crescimento da população urbana, com diminuição do contingente rural. Com o aumento de pessoas morando nas cidades, problemas como a falta de moradia, a ausência de infraestrutura e a precariedade dos equipamentos e serviços urbanos afligiam grande parte da população. Durante o governo de Raimundo Girão, o urbanista Nestor de Figueiredo chegou a projetar a cidade compreendida em zoneamentos. No entanto, o projeto não passou pelo crivo dos governantes da época.

 Vista aérea da cidade no final dos anos 30, quando da demolição da antiga Igreja da Sé

Após a Revolução de 30, o Ceará passou a ser governado por interventores do Governo Federal. Ascenderam duas organizações políticas que dominaram o cenário estadual: a Legião Cearense do Trabalho, com nítida influência fascista, e a Liga Eleitoral Católica, fortemente religiosa, representante da elite tradicional e de grande apelo popular. Eram os tempos da revolução tenentista e da chegada de Getulio Vargas ao poder. 

jornada dos jangadeiros cearenses

 Antiga Praia do Peixe onde começou a jornada dos jangadeiros cearenses (foto de 1946)

Aventura e coragem

Quatro pescadores cearenses se lançaram ao mar para uma viagem que entrou para a história. Manoel Olímpio Meira (Jacaré), Raimundo Correia Lima (Tatá), Manuel Pereira da Silva (Mané Preto) e Jerônimo André de Souza (Mestre Jerônimo), que a bordo de uma jangada singraram os 2.381 km que separam Fortaleza do Rio de Janeiro, sem bússola ou carta náutica.

Partiram da antiga Praia do Peixe (hoje, Iracema), em 14 de setembro de 1941, e chegaram ao seu destino dois meses depois.

Os jangadeiros queriam chamar a atenção do País e do governo para o estado de abandono em que viviam os 35 mil pescadores do Ceará. Morando em toscas palhoças, nem do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos eles recebiam ajuda. O presidente da República precisava saber daquilo. Ficou sabendo.

Em 16 de novembro, Getulio Vargas recebeu os quatro jangadeiros, que pouco antes haviam sido acolhidos apoteoticamente pela população carioca e conduzidos em carro aberto até o Palácio do Catete.

Jacaré, Tatá, Mané Preto e Mestre Jerônimo em foto de 1942

O retorno a Fortaleza, em 1º de dezembro, após sete horas de voo, foi uma apoteose ainda maior que a do Rio. Um cortejo de 150 automóveis seguiu os heróis da terra do aeródromo do Alto da Balança ao Jangada Clube, na Praia de Iracema, onde foram recebidos, entre outros, pelo interventor Menezes Pimentel.

A odisseia da São Pedro, contudo, estava condenada a entrar para a história do cinema americano. Orson Welles tomou conhecimento da proeza de Jacaré & Cia, e decidiu realizar, com base nessa história, o segundo episódio brasileiro de It's All True, o filme pan-americano que o governo Roosevelt há pouco lhe encomendara.

 O líder dos jangadeiros Manoel Olímpio Meira (Jacaré)

Dois meses mais tarde, Jacaré e seus três companheiros foram levados de avião até o Rio. Rodariam no aeroporto a despedida do Rio e reconstituiriam, numa praia da Barra da Tijuca, a triunfal chegada da jangada São Pedro à Baía de Guanabara. Várias tomadas da chegada ao Rio chegaram a ser feitas, no dia 19, mas uma manobra infeliz da lancha que rebocava a jangada a teria virado, jogando ao mar agitado os seus quatro tripulantes. Três se salvaram. O corpo de Jacaré desapareceu e nunca foi encontrado. 
 




 

Ponte Metálica

Porto de Fortaleza nos anos 40, mais conhecido como Ponte Metálica

Na década de 1940 começou a construção do porto na enseada do Mucuripe. Para isto, foi necessária a construção de vários enrocamentos que provocaram alterações em parte do litoral cearense, surgindo aí à praia Mansa. Em 25 de dezembro de 1947, foi inaugurado o Porto do Mucuripe, passando a ser feito ali todo o serviço de embarque e desembarque de passageiros e o transporte de cargas nacionais, antes realizado na Ponte Metálica.
Fortaleza abandonaria de vez os últimos costumes da sua “fase francesa” e passaria a ver nos Estados Unidos o novo modelo a ser seguido. Sai o champanhe e entra a coca-cola. A fama do refrigerante era tanta que as moças que namoravam os soldados e oficiais americanos eram apelidadas de "coca-colas". Estima-se que entre os anos de 1943 e 1946, cerca de 50 mil americanos passaram por Fortaleza.

“Os anos 40 marcam uma mudança na orientação dos modelos estrangeiros entre nós. Os padrões Europeus vão ceder lugar aos valores americanos, transmitidos pela publicidade, cinema e pelos livros em língua inglesa que começam a superar em número as publicações de origem francesa (...) Os padrões de orientação vigentes são, portanto, os do mundo do star system e do american broadcasting. No rádio, este é o período em que a música americana se expande, e se consolida uma forma de tocar “boa música”, a orquestral, que se constitui tendo por modelo os conjuntos americanos”. (Renato Ortiz)
 

Praça do Ferreira

Eram os tempos da Segunda Guerra Mundial e, Getulio Vargas, depois de enormes pressões para assumir posição junto aos aliados, declarou guerra à Alemanha em 1942. Não se via há muito tempo uma euforia tão grande no povo do Ceará em participar de uma guerra. A população estava revoltada com a covardia dos ataques aos navios brasileiros. Os estudantes da Faculdade de Direito organizavam passeatas que carreavam multidões. Em 1943 um novo torpedeamento de navios levou os estudantes à loucura. Saíram em passeata e queimaram as Lojas Pernambucanas de propriedade de alemães e depois a loja De Francesco de propriedade de italianos.

 Vista parcial do movimento na Praça do Ferreira nos anos 40

Fortaleza passou por blecautes e pelo medo de ser atacada por submarinos alemães. O governo brasileiro cedeu bases no Nordeste para operações do Exército e a Aeronáutica Norte-Americana. Uma destas bases foi instalada em Fortaleza no atual bairro do Pici. Sob uma forte propaganda governamental de migração, cerca de 30 mil cearenses tornaram-se Soldados da Borracha, produzindo esse produto na Amazônia para abastecer os exércitos aliados.

 

Ceará Rádio Clube

A inauguração das ondas curtas acelerou sobremaneira o desenvolvimento do rádio, causando naturalmente um impacto social no contexto histórico em que se expandiu.

No dia 29 de agosto de 1941, a Ceará Rádio Clube iniciou às transmissões em ondas curtas e inaugurou seus novos estúdios. A emissora assumiria, a partir de então, a posição de veículo de comunicação de massa, tornando-se referência cultural na cidade durante anos.

 Sede da antiga Ceará Rádio Clube na avenida João Pessoa, no bairro Damas

Segundo Eduardo Campos, “o entretenimento esteve presente na cerimônia de inauguração das novas instalações da Ceará Rádio Clube, naquele ano de 1941. A programação musical foi iniciada pelo maestro italiano, recém-contratado pela PRE-9, Hercules Vareto. Na sequência, no auditório da emissora, sucederam-se várias apresentações de artistas locais e nacionais, destacando-se o grupo “4 Azes e 1 Coringa” e “o Cantor das Multidões”, Orlando Silva, a grande atração do evento. “A cidade parou para receber a grande voz romântica do cancioneiro nacional, cantor que disputava as preferências do público juntamente com Francisco Alves, ‘o rei da voz’, que antes visitara o Ceará”.